Maxambombas
O Recife do tempo das maxambombas
Pelo menos quatro bairros foram batizados em função dos pequenos trens que, um dia, aliviaram a situação de mobilidade do Grande Recife. Até o nome é curioso: maxambomba é uma versão local de machine pump ("bomba de máquina", em inglês)
O ano era 1867 e a população recifense teve à disposição o primeiro trem urbano a circular na América Latina. A maxambomba veio ao socorro de uma população de 80 mil habitantes, já com problemas de mobilidade. Os meios de transporte eram escassos e a população apresentava crescimento, em especial, na área central do Recife.
Além disso, já se fazia necessária uma ligação entre o Centro e os arredores. Houve então uma intervenção de parte da sociedade. “Não foi uma iniciativa do governo, mas de membros da sociedade, sobretudo, ingleses”, diz o historiador Leonardo Dantas Silva.
Em sua dissertação de mestrado Recife no tempo da maxambomba, o primeiro trem urbano do Brasil, o historiador e professor da Universidade Federal do Piauí José Lins Duarte aponta que houve, por investidores ingleses, iniciativa baseada na “introdução do progresso tecnológico, em que a mecanização exercia influência determinante”.
Implantada pela empresa Brazilian Street Railwal Company Limited, a primeira linha começou a circular entre o bairro portuário e Apipucos. A inauguração ocorreu em 5 de janeiro de 1867. De acordo com Lins Duarte, Apipucos foi escolhido como ponto inicial do projeto por possuir o “percurso mais habitado e tendente ao assentamento de famílias”.
Ela seria estendida três anos e meio depois, em 24 de junho de 1870, até a Estrada da Caxangá, atual avenida Caxangá, nas proximidades da Várzea. No mesmo ano, chegou a Olinda e, em 1871, seguiu também via Estrada do Arraial, até Casa Amarela.
Era um trem que funcionava a vapor e possuía entre dois e quatro vagões. Em cada um, afirma Dantas Silva, eram levadas até 30 pessoas. O preço da passagem era fixado em 200 réis por milha (1,6 km).
Dantas Silva aponta o trem como um vetor de progresso na cidade. Conforme sua circulação era expandida, o desenvolvimento da cidade tomava o mesmo caminho. “Onde ela passava, começaram a construir mansões. À medida que percorria novos caminhos, as construções iam sendo realizadas. Ela valorizava o local e as moradias eram aprimoradas”.
A circulação das maxambombas no Recife durou até 1916. Depois, foram substituídas por bondes elétricos. Atualmente, há um exemplar exposto no Museu do Trem do Recife, na Estação Recife de metrô.
Entre as estações, apenas a de Ponte D’Uchôa, reconstruída após um acidente em 2014, continua preservada. “Havia uma casa na esquina entre as ruas Gervásio Pires e do Príncipe que era uma estação e há até pouco tempo esteve conservada, mas também já foi modificada”, conclui Silva.
Mapa
Bairros do Recife batizados em função da maxambomba
Ponto de Parada
Como o nome indica, o bairro se desenvolveu em volta da estação.
Encruzilhada
Por conta do cruzamento de linhas férreas das maxambombas.
Praça do Entroncamento
Representava a interseção de vias férreas – a do Arraial, a da Várzea e a de Dois Irmãos.
Tamarineira
Estação da maxambomba ficava próxima a um pé de tamarindo.
Casa Amarela
Origem do nome vem do ponto de parada da maxambomba, localizado nas proximidades de uma casa de cor amarela.
Fonte: Diário de Pernambuco.
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