Primeira Área de Atracação Espacial da América do Sul
Torre do Zeppelin: o elo aéreo entre Recife e a Europa nos anos 1930
Entre 1930 e 1938, a cidade do Recife figurou entre as primeiras das Américas a estabelecer uma conexão aérea direta com a Europa — mais especificamente com a Alemanha — graças à chegada dos imponentes dirigíveis da era dourada da aviação. A capital pernambucana foi a porta de entrada para o continente sul-americano nas rotas transatlânticas operadas pelos Zeppelins. A primeira parada do lendário LZ-127 Graf Zeppelin após deixar a Europa era justamente o Recife.
O ponto de atracação desses gigantes dos ares ainda existe: a Torre do Zeppelin, localizada nas coordenadas 08°04'42"S 34°55'34"W, no bairro do Jiquiá, antigo "Campo do Jiquiá". Trata-se da primeira estação aeronáutica de dirigíveis da América do Sul, e, notavelmente, a única torre desse tipo ainda de pé no mundo.
A torre foi construída para receber os voos do Graf Zeppelin, que iniciou suas operações regulares com o Brasil em 22 de maio de 1930. O dirigível partia da Alemanha, fazia escala no Recife e seguia em direção ao Rio de Janeiro. As passagens aéreas para esses voos transcontinentais eram comercializadas pela Sindicato Condor, braço brasileiro da companhia aérea alemã Lufthansa.
O Rio de Janeiro só passou a contar com sua própria estrutura de recepção em 26 de dezembro de 1936, quando foi inaugurada uma nova torre de atracação — trazida da Alemanha — junto a um hangar monumental, erguido para acomodar os dirigíveis. A partir de então, estabeleceu-se uma linha regular entre Frankfurt e o Rio de Janeiro, com escala obrigatória no Recife. O hangar carioca ainda existe e atualmente abriga a Base Aérea de Santa Cruz.
Durante os anos de operação, dois dirigíveis cruzaram os céus do Recife: o já citado LZ-127 Graf Zeppelin, que realizou impressionantes 252 viagens com o Recife como destino ou ponto de partida, e o LZ-129 Hindenburg, ainda maior e tecnologicamente mais avançado, embora tenha feito menos viagens. Entre os passageiros ilustres do período, destaca-se o maestro Heitor Villa-Lobos, que embarcou rumo à Europa a bordo do Hindenburg em abril de 1936.
As operações com dirigíveis foram encerradas no mesmo ano de 1936, mas o legado dessa conexão histórica permanece. Nos anos 1980, a Torre do Zeppelin passou por obras de restauração, preservando sua importância como marco da engenharia e da aviação. Hoje, ela se mantém como um monumento raro e silencioso de um tempo em que voar era um espetáculo grandioso — e o Recife, uma escala estratégica na ponte aérea entre os continentes.
A estrutura metálica da Torre do Zeppelin
Projetada originalmente em 1930, a Torre do Zeppelin foi concebida com 16,5 metros de altura e mais de três toneladas de aço, sendo a primeira estrutura de atracação de dirigíveis da América do Sul. Contudo, com a chegada do novo dirigível LZ-129 Hindenburg, que pesava mais de 200 toneladas, tornou-se necessária a substituição da torre.
Em 1936, a estrutura original foi removida e substituída por uma nova torre, mais robusta e com 19,5 metros de altura, reforçada para suportar as exigências operacionais do Hindenburg — um dos maiores dirigíveis já construídos.
Situação atual
Após décadas de abandono, a torre passou por um importante processo de restauração em 2013, liderado pelo artista plástico e restaurador Jobson Figueiredo. A intervenção também incluiu a recuperação dos Paióis da Segunda Guerra Mundial, localizados no mesmo espaço, o Parque do Jiquiá, zona oeste do Recife.
A restauração devolveu à torre suas características originais, consolidando seu valor histórico e patrimonial.
Hoje, a Torre do Zeppelin de Recife é a única torre de atracação de dirigíveis Zeppelin preservada em sua estrutura original no mundo — um testemunho raro e monumental da era dos gigantes dos céus e do papel estratégico do Brasil nas rotas transatlânticas do século XX.
Fonte: Wikipédia
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